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Por Jornal Nacional


Brasil enfrenta o pior momento da pandemia um ano após o primeiro caso de Covid no país

Brasil enfrenta o pior momento da pandemia um ano após o primeiro caso de Covid no país

Há um ano, o Brasil tinha a confirmação do primeiro caso de Covid. Especialistas explicam o que levou o país ao pior momento da pandemia.

Não é coisa que se note nas ruas, à luz do dia ou da noite. O momento da pandemia se mede dentro dos hospitais e nas estatísticas; e os médicos têm um diagnóstico.

“Nós estamos no pior momento até aqui. E o que eu quero dizer é que, se nós não tomarmos providências, este momento pode se prolongar e se elevar inclusive o sofrimento e o risco das pessoas”, alerta o médico sanitarista Sérgio Zanetta.

“Um aumento do número de casos em várias regiões do Brasil. E, diferente da primeira vez, esse aumento está acontecendo simultaneamente em vários estados”, relata o infectologista Esper Kallás.

Cinco estados do país alcançaram, em 2021, o período mais letal desde o começo da pandemia. No Rio Grande do Sul, foi nesta sexta (26): 80 mortes em um só dia. Rondônia, nesta quarta (24): 29. Mato Grosso do Sul chegou ao pior momento em janeiro, e Minas Gerais e Amazonas, em fevereiro. Lá, a marca mais alta de mortes foi mais do que o dobro do período crítico em 2020.

Bahia e Santa Catarina estão bem perto do pico, registrado em 2020; e em São Paulo, o estado com mais vítimas de Covid no país, o pior momento foi em 2020, com 289 mortes por dia, mas a média diária ainda fica acima de 200 vítimas por dia.

A pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo diz que o ponto onde estamos é explicado, em parte, por decisões que não levaram em conta a ciência: “A teimosia, a insistência com a qual o discurso oficial defendeu práticas terapêuticas sem a menor base científica, a despeito dos inúmeros alertas que nós fizemos, que a literatura internacional fez, que órgãos governamentais de outros países, que agências regulatórias fizeram sobre tratamentos sem o menor sentido”.

“Cada vez que eu estimulo a circulação de pessoas e a livre transmissão do vírus, eu estou criando condições para o descontrole e para o aumento da letalidade. Quanto mais pessoas contaminadas, maior o número de mortos que teremos”, destaca Zanetta.

A linha do tempo mostra o avanço da pandemia no Brasil. A primeira morte foi no dia 17 de março; quase três meses depois, já eram 50 mil vítimas da doença. A partir daí, o ritmo acelerou. Em menos de dois meses, chegamos a 100 mil brasileiros que não resistiram à Covid; e, em mais dois meses, 150 mil. Foram quase três meses para o vírus fazer 200 mil mortos. Mas, agora, vemos a maior aceleração da pandemia: em um mês e meio, chega a 250 mil mortos.

Mas os especialistas dizem que essa história não foi só de derrotas. Sem ensaio, na linha de frente dos hospitais, os médicos aprenderam a melhor forma de fazer o diagnóstico e salvar vidas. E, em uma vitória da ciência, os pesquisadores desenvolveram em poucos meses as vacinas, ferramentas para enfrentar o vírus.

“É preciso realmente que todos juntos - as autoridades públicas, os profissionais de saúde e a população -, que a gente realmente entenda o momento que estamos vivendo para que essa situação não piore”, afirma a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Isabella Ballalai.

O infectologista Esper Kallas considera que a falta de planejamento pode ter atrasado o combate à pandemia por aqui: “Acho que o que faltou aqui no Brasil foi um investimento mais firme, mais decidido, para ter acesso às vacinas mais precocemente. A gente sabia já, desde abril, que vários grupos estavam começando estudos em gente, e era hora de o Brasil se alertar para isso e traçar políticas mais agressivas de acesso a essas vacinas”.

Mas Sérgio Zanetta confia que vamos mudar esse quadro com a chegada de mais vacina: “Nós vamos vencer esse vírus. Nós temos as armas para vencer, nós sabemos o que podemos fazer de melhor. E o nosso melhor pode ajudar a conter a transmissão e dar tempo para que a gente possa esperar a vacina para todos - que é o grande fator de proteção para nossa sociedade”.

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