Eduardo Mendes’ Post

A vitória do Boston Red Sox sobre o St. Louis Cardinals, ontem, marcou a estreia do Roku TV no Sunday Leadoff da Major League Baseball (MLB). Após assegurar os direitos exclusivos plurianuais, a plataforma torna-se o lar oficial dos primeiros jogos das rodadas de domingo, exibindo os confrontos ao vivo e sem custos. Até então, o pacote estava vinculado ao streaming pago do Peacock. A nova zona MLB é definida como mais um lugar promocional e de distribuição para partidas e conteúdos da liga. No quarto trimestre de 2023, o canal alcançou cerca de 120 milhões de pessoas nos EUA. O beisebol não é a única modalidade que está ganhando espaço nas TVs gratuitas apoiadas por anúncios. No mês passado, o Tubi TV anunciou um acordo de licenciamento com o DAZN para transmitir futebol feminino ao vivo e gravado, boxe e MMA. A marca vinculada à Fox Corporation incrementa sua oferta de esportes, que já inclui eventos da MLB, PGA e NHL, além de um canal da rede Women’s Sports. Com 1,6% do tempo de visualização de streaming em março, o Tubi já se coloca à frente do Peacock e Max. No Brasil, a CazéTV ingressou ao movimento após firmar um acordo com a Samsung TV Plus. A parceria divulgada no fim de abril garante programação 24 horas sem necessidade de uma assinatura. Isso significa ter acesso aos Jogos Olímpicos de Paris e à Euro 2024, os dois próximos mega eventos esportivos cujos direitos foram adquiridos para o YouTube via LiveMode, sócia do canal do influenciador Casemiro. A fragmentação dos esportes ao vivo e das ligas em redes, aplicativos e pacotes está contribuindo para que o formato Free Ad-Supported Streaming TV (FAST) assuma "um papel crucial para telespectadores e anunciantes." O protagonismo sugerido por Charlie Collier, presidente da Roku Media, pode soar como força de expressão neste momento, porém negar a ascensão deste modelo é ignorar sua relevância dentro da transformação vigente da mídia tradicional para a digital. Nos últimos meses, mais plataformas FAST ultrapassaram o limite de ~1% de participação de audiência necessário para serem incluídas no The Gauge, o gráfico da Nielsen que mostra a parcela de visualização dos maiores streamers. E um detalhe: Tubi, Pluto e Roku Channel, os três principais serviços responsáveis por alavancar este segmento, não estão associados a uma marca de assinatura de vídeo sob demanda (SVOD), conforme observou o especialista Doug Shapiro. E quando o Santo Graal para a TV paga e streaming começa a ganhar espaço neste segmento, há uma pergunta a ser feita: por que os esportes podem impulsionar os canais FAST? Compilei uma série de dados e insights que respondem a pergunta, e ajudam a entender um outro movimento paralelo que está acontecendo: a mudança do fluxo do dinheiro reflete como o YouTube e os serviços FAST competirão diretamente com os streamers pagos pelo dinheiro da publicidade. Clique para ler.

➡️ Conversas Iniciadas Todas as sextas, você encontrará um compilado de notícias relevantes que repercutem os conteúdos originais e geradores de insights postados aqui semanalmente ● Como NFL protege pacote de mídia para abrir espaço à Netflix O Natal de 2025 cairá em uma quinta. Na NFL, este é o dia sagrado do Thursday Night Football, adquirido pelo Prime Video até 2033 por US$ 100 bilhões. No próximo ano, o jogo do horário nobre da Amazon será precedido por um outro confronto exibido pela Netflix à tarde. Ao Front Office Sports, Hans Schroeder já confirmou a ocorrência inédita das partidas exclusivas para streamers concorrentes. O que o vice-presidente de distribuição de mídia da liga chama de implementação estratégica do inventário, Nick Meacham, do SportsPro, define como inteligência para proteger um subconjuntos de direitos fora dos vários acordos de mídia no valor US$ 100 bilhões assinados pela organização por 11 anos. Agora, a NFL adicionará mais US$ 150 milhões para entregar à Netflix dois jogos no feriado natalino pelos próximos três anos. Até o fim do contrato vigente, Hans não descartou fragmentar ainda mais o pacote de mídia. Como bem lembrou o insider Joe Pompliano, a NFL pode optar por não dar sequência ao atual contrato a partir de 2029, abrindo negociações para outros licitantes. Enquanto a NFL deixou o futuro de seus direitos bem amarrados, a Netflix enxerga o parceiro como uma propriedade impulsionadora para seu mais recente negócio de anúncios. A Guggenheim Securities projetou que a parceria pode render até US$ 185 milhões em receitas publicitárias combinadas, considerando um custo por mil espectadores de US$ 50. O banco de investimento estima que os jogos na Netflix poderão atrair uma média de 22 milhões de espectadores, cerca de 75% da audiência média. "Só espero que descubramos que tipo de audiência a Netflix ganha com esta iniciativa", alertou Meacham. ● Mais dinheiro na mesa O incremento de receitas da NFL não será turbinado apenas pelo acordo com a Netflix. Em breve, os fundos de private equity poderão comprar até 30% dos times da liga, com empresas individuais limitadas a 10% de participação. Na próxima semana, o comitê liderado por Clark Hunt, dono do Kansas City Chiefs, apresentará as propostas durante as reuniões de proprietários. ● O timing da Copa do Mundo Feminina no Brasil O fandom do esporte feminino está passando por um momento rumo ao mainstream, e Paris Paris 2024 estabelecerá um marco importante para a igualdade de gênero. Estas são algumas conclusões do maior estudo já realizado para entender o interesse e a equidade dos torcedores pelas modalidades disputadas por mulheres. Os dados foram compartilhados, ontem, pela SurveyMonkey e Parity, Inc., um dia antes de o Brasil ser confirmado como sede do Mundial Feminino de futebol de 2027. Nos próximos dias, trarei mais detalhes inseridos no contexto das oportunidades que estão sendo desbloqueadas pelas mulheres no ecossistema esportivo.

Desde segunda, os conteúdos publicados pelo The Athletic estão sendo redirecionados para o site do The New York Times. A mudança é decorrente de um longo processo instaurado em julho do ano passado, quando o tradicional jornal dissolveu sua editoria de esportes para absorver a cobertura da plataforma comprada no início de 2022 por US$ 550 milhões. A aquisição contribuiu para alavancar as receitas digitais no ano passado: US$ 1,4 bilhão, quase o dobro do que a empresa obteve com o impresso. O dado trazido pela Sherwood News, ontem, contrapõe-se ao fato de o veículo esportivo ainda não ser lucrativo, a despeito de ter adicionado quase 4 milhões de assinantes em pouco mais de dois anos. Boa parte do tráfego é gerado a partir dos boletins informativos. Há 15 dias, o Digiday mostrou que o Athletic está prestes a atingir o total de três milhões de assinantes de suas newsletters, um aumento de quase 20% em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento puxará uma nova subida no preço da publicidade. Os atuais anunciantes estão, principalmente, nas categorias de luxo, finanças, entretenimento e produtos de consumo, incluindo marcas como Accenture, CHANEL e Michelob Ultra. No total, são oito boletins semanais gratuitos com taxa de abertura a partir de 46%. A média no setor de mídia e publicação é de 34%. Ao Digiday, Chris Sprow, diretor de desenvolvimento criativo da publicação, explica que consegue oferecer aos anunciantes a oportunidade de obter um grande alcance em um único dia com conteúdo de qualidade. Os boletins informativos por e-mail não são novos. Eles têm sido o baluarte de muitos modelos de publicação digital, especialmente em áreas de nicho e B2B. A reflexão proposta por Brian Morrissey quer nos mostrar, segundo o especialista, que as assinaturas deixaram de ser mais um fluxo de receita incremental para se tornarem o ponto de apoio de negócios focados em um público específico. "O desafio que muitos enfrentam é como integrar seus negócios de assinatura a outros fluxos de receita, principalmente a publicidade." O Athletic parece driblar este obstáculo, entregando qualidade para uma audiência qualificada e desejada pelas marcas. As newsletters não são modelos de negócios, porém, nos mostram como o centro de valor de um editor mudou para o que você sabe sobre seu público em vez de como você publica. Não por acaso, criadores estão descobrindo o poder de lugares como o Substack e suas ferramentas distribuidoras de conteúdo que possibilitam a eles possuir o próprio público. Na década pós-escala determinadora de um novo cenário para esta indústria, Simon Owens diz que é preciso ter menos dependência da publicidade programática e concentrar-se em monetizar melhor seus públicos principais. A rentabilização da máquina de mídia, portanto, se dará a partir de estratégias direcionadas para nichos que focam na retomada da qualidade em detrimento da perseguição de tráfego.

A entrevista de Charles Barkley ao Waddle and Silvy da ESPN é sintomática sobre o provável término da longeva parceria entre TNT e NBA, vigente desde 1989. O Hall da Fama diz estar "100% preocupado" e que seria "brutal" o encerramento do "Inside The NBA", o programa referência para os fãs da liga co-apresentado por Barkley, Shaquille O'Neal, Ernie Johnson Jr. e Kenny Smith. Na terça, Bill Simmons cravou a vitória da NBC sobre o canal da Warner Bros. Discovery. A Comcast, então, deverá se juntar à Disney (ESPN) e Amazon como os novos parceiros de mídia da liga para o próximo ciclo que se iniciará na temporada 2025/26. Durante o The Bill Simmons Podcast, o insider usava a informação privilegiada para projetar a explosão do teto salarial da liga decorrente do futuro acordo. Os US$ 76 bilhões previstos para os próximos 11 anos serão turbinados com os US$ 2,6 bi anuais oferecidos pelo Prime Video, o maior valor colocado na mesa do comissário Adam Silver, de acordo com a Bloomberg. Apesar do apetite do streamer para fincar os pés em definitivo na liga, o acordo que se desenha confirma o reagrupamento com as redes de televisão pagas estabelecidas. Juntas, ESPN (US$ 1,8 bi) e NBC (US$ 2,5 bi) desembolsarão US$ 4,3 bi por temporada para assegurar à NBA a predominância da audiência nos canais. “Se uma liga pensa que pode mudar rapidamente para o digital e abandonar o linear, está enganada! (...) a maioria dos fãs ainda está dentro do pacote.” A provocação do consultor de mídia Patrick Crakes liderou as conversas da última edição do JohnWallStreet. O blog alertou para o fato de a TV paga continuar sendo o lugar majoritário para o fandom de esportes. Em Wall Street, a narrativa comum dos últimos cinco anos de que o DTC é o futuro, deveria ser substituída por: os fãs de esportes estão “obtendo muito valor com a TV paga sendo complementada por um serviço de streaming”, avisou Crakes. Na visão do especialista, o cenário mais viável prevê que os detentores de direitos lancem e comercializem o DTC como uma oferta incremental dentro do pacote de TV, e não como uma alternativa a ele. E há um bom argumento financeiro para sustentar essa premissa: um DTC exclusivo precisará cobrar US$ 80 ou US$ 100 por mês. Nos EUA, o pacote de TV paga oferece aos fãs a maior parte de seu conteúdo esportivo por US$ 100/mês. Como comparação, o valor mensal para acessar os principais serviços de streaming está custando US$ 91,44. As contas foram feitas por Reed Duchscher após os mais novos pacotes anunciados por Warner Bros e Disney e pela Comcast, que irá oferecer Netflix, Peacock e Apple TV + dentro do estreante StreamSaver. Em março, mostrei como a NBA beneficiou-se de um forte ecossistema televisivo construído com suporte dos canais tradicionais. Por aqui, continuarei a cobrir o desfecho do acordo que delineará o futuro das transmissões e dos direitos esportivos. Nos comentários, você poderá acessar os artigos mais recentes sobre as negociações de mídia da NBA.

Daylyt não hesitou em flagrar LeBron e Savannah James durante uma festa na semana passada. O que era para ser um fato corriqueiro, tornou-se mais uma munição potente para alimentar a guerra implodida no fim de março entre os eternos inimigos Kendrick Lamar e Drake. O vídeo postado pelo rapper mostrava o jogador do Lakers e sua esposa festejando ao som de “Not Like Us". Dançar no embalo da maior música do mundo neste momento pode significar tomar partido, e neste caso, a favor de Lamar. Para uma imensa legião imensa de fãs que está levando muito a sério o embate sem tréguas, LeBron provocou um nova e dura derrota a Drake. Nesta semana, a última faixa de discórdia de Lamar debutou no primeiro lugar do Billboard Hot 100. Há 15 dias, quatro dos seis primeiros lugares no chart do YouTube Music pertenciam às diss de Lamar. As tréplicas de Drake ficaram com os dois lugares restantes. O maior dia de streaming global de qualquer música de hip hop lançada em 2024 no Spotify também foi protagonizado por Lamar. 'Euphoria', que compartilha o nome da série da HBO da qual Drake atua como produtor, gerou 9.206.498 streams em 30 de abril. A guerra civil do rap é motivada por uma tensa batalha de diss nutrida por insultos e disparates à credibilidade e ao poder um do outro. As mais de 90 milhões de visualizações impulsionadas pelos rappers dissidentes no YouTube corroboram o poder das mídias sociais como promotoras de subculturas e de uma internet memetizada que domina absolutamente as conversas. Após quase dois meses de ataques ilimitados, as composições de chamadas e respostas também podem provocar outras fissuras no ecossistema que vão além de uma rixa entre fandoms. Os rappers removeram as cláusulas de direitos autorais dos diss. Isso significa que todos os remixes virais, transmissões e vídeos de reações podem ser monetizados por criadores e fãs sem implicações legais. O precedente aberto por Lamar e Drake provoca uma reflexão pertinente sobre incluir o fandom nas conversas de remuneração em meio um cenário de mídia fragmentado e sustentado cada vez mais por cocriações independentes e infinitas a partir de conteúdos virais. Na cadeia de valor da mídia emergente, os fãs, assim como os creators, têm influenciado a distribuição e a produção. Desenterrados, os diss tiveram seu auge entre os fins das décadas de 50 e 60. Nesta época, quando um artista lançava uma canção estourada, outros músicos e gravadoras tentavam capitalizar a popularidade a partir de versões próprias. Percebeu a conexão com os remixes e suas releituras virais nas mídias sociais feitas por criadores e fãs a partir de sucessos estabelecidos? Parafraseando o blog Trapital, a guerra da década do rap expõe a velocidade da cultura e a capacidade dos fãs de se unirem. Agora, cabe a nós entender que o papel a ser atribuído ao fandom dentro do economics de toda a cadeia potencializa a melhor oportunidade para monetizar o conteúdo infinito. Clique para ler. (Imagem: Gizmodo.com)

Todas as narrativas sobre a derrocada da VICE Media e do BuzzFeed detectam um ciclo vicioso em comum que envolveu a ascensão e a queda das marcas de mídia queridinhas da última década: o dinheiro jorrado pelo capital privado serviu para criar avaliações monstruosas que não sustentaram o crescimento saudável. Quando as receitas ficaram bem aquém das expectativas, a quebra inevitável enterrou o império efêmero erguido. O problema foi o modelo de negócios ou o investimento? E como essas histórias impactaram no desastre deste mercado e no valor dos conglomerados de mídia digital? Dois meses depois de as provocações nortearem o painel de Reed Phillips no MX3 Barcelona, a Vice Media pode ter uma resposta para as "muitas oportunidades" citadas pelo especialista em relação às fusões e aquisições no setor de mídia, apesar das "avaliações substancialmente mais baixas do que em 2021-22." A partir de uma joint venture com a Savage Ventures, a Vice Media irá relançar suas propriedades digitais, incluindo Vice.com , Munchies , Motherboard e Noisey. A nova parceria confere à marca controle sobre seus ativos digitais sem ter que gerenciá-los. O acordo também contempla o retorno dos canais de mídia social da Vice. O portfólio combinado, segundo as empresas disseram ao Axios, “tem quase 100 milhões de seguidores em todas as plataformas." Trata-se do primeiro grande movimento da empresa fundada pelo controverso Shane Smith desde a falência decretada há quase um ano. A joint venture é a confirmação de que a Vice se tornará definitivamente uma empresa B2B na busca pela lucratividade pela primeira vez, como mostrei em março. "(Há) uma mudança na estratégia para se concentrar mais no licenciamento de conteúdo para outras empresas, em vez de monetizá-lo por meio de publicidade", analisou Sara Fischer, do Axios. E como o Savage Ventures contribuirá no processo? No entendimento dos executivos da Vice Media, a operadora de capital de risco com sede em Nashville pode "aumentar a exposição de suas marcas às empresas que a Savage gerencia nas áreas de estilo de vida, esportes, bem-estar e música." Desde 2019, o venture operator criou mais de US$ 500 milhões em valor empresarial ao investir, adquirir e operar negócios digitais de alto crescimento, incluindo acordos com CBS e Fox Corporation. Nos últimos meses, tenho contado como está se dando a reaproximação dos investidores com as companhias de mídia após as quebras em sequência ao longo de 2023. Investidas recentes da Minute Media e do Financial Times para rentabilizar a máquina da mídia têm priorizado estratégias direcionadas para nichos. Em março, Phillips sugeriu que algumas empresas deste setor nunca terão lucro, independentemente do nível de investimento que recebam e da escala que alcancem. Projeção que pode não ser aplicada à união entre Vice e Savage. Por ora, a nova colaboração sinaliza o retorno gradativo do capital privado acompanhado por uma cartilha imperdível repleta de aprendizados.

➡️ Conversas Iniciadas Todas as sextas, você encontrará um compilado de notícias relevantes que repercutem os conteúdos originais e geradores de insights postados aqui semanalmente ● O dilema dos usuários conectados do Reddit A divulgação do crescimento de usuários e das receitas foi o suficiente para impulsionar as ações do Reddit, Inc. na primeira vez em que a empresa apresenta resultados trimestrais desde que abriu capital. Hoje, são 83 milhões de visitantes diários - aumento de 37% - e uma arrecadação de US$ 243 milhões. Boa parte da alta de 48% foi proporcionado pelos anunciantes. A Sherwood News classifica o público da rede como "usuários de alta intenção". Eles foram capazes de transformar a plataforma em um lugar de pesquisa de alta recomendação. Uma possível vantagem esperada pelas as marcas, porém, é travada indiretamente por causa... dos usuários ativos! Conforme o Chartr mostrou, apenas 48% deles estão logados ao usar plataforma. Ou seja, a maioria dos visitantes só visualiza postagens. O números de usuários desconectados cresceu 48% contra o aumento de 27% de pessoas logadas. "É um dado preocupante para uma plataforma que é definida pelo conteúdo gerado pelo usuário mais do que a maioria das outras mídias sociais." Acrescento mais um ponto: criadores estão se transformando na própria mídia e já perceberam como é vantajoso ser dono do seu público. É uma questão de tempo para a transferência do relacionamento para fora das redes sociais ganhar mais força. ● TV + TV equaciona a rotatividade do streaming? Já envolvida em uma aliança com ESPN e Fox em prol dos esportes no streaming, a Warner Bros. Discovery se uniu à Disney para colocar em único pacote Disney+, Hulu e Max. O The Wall Street Journal diz que é uma tentativa de "simplificar as escolhas no lotado negócio de streaming." O boletim Snacks, por sua vez, enxerga a combinação do conteúdo familiar da Disney com os programas adultos da HBO como uma maneira para "aliviar o cansaço das assinaturas." Nesta semana, Evan Shapiro mostrou que mais de 50% dos usuários do Disney+ não utilizam o serviço em um mês, e dois terços dos assinantes Max, em média, são inativos. "O pacote de muita TV com ainda mais TV NÃO vai resolver de fato o problema de rotatividade ", avisou o especialista. ● A Netflix quer um lugar no Natal da NFL A exceção que a NFL está abrindo para ter sua rodada de Natal em uma quarta-feira - um dia atípico em que não há programação de jogos - pode render um novo parceiro de transmissão. De acordo com o Puck News, a Netflix está em negociações para ter dois duelos exclusivos na data comemorativa. Há quatro anos, a liga assegura pelo menos uma partida para 25/12. Em 2023, Las Vegas Raiders x Kansas City Chiefs na CBS registrou uma audiência média recorde de 29,2 milhões de espectadores. Como disse Nick Meacham, a Netflix parece estar pegando o manto que a Amazon tinha há cinco anos quando apostou nas mudanças para os esportes premium ao vivo.

A comunidade independente de varejo de vinil nos Estados Unidos se uniu em prol de uma causa: pelo fim da prática de pré-venda direta ao consumidor. Entenda a janela de exclusividade como uma plataforma pela qual os fãs podem garantir acesso antecipado a um novo álbum. Sem poder de negociação para competir com cadeias maiores, a cena independente e sua reivindicação ajudam a explicar, em parte, a onda de inflação persistente nos Estados Unidos. Em março, o índice de preços ao consumidor (IPC) subiu 3,5%. E qual setor puxa a fila do aumento? Segundo levantamento feito pelo Visual Capitalist, o valor dos “discos de vídeo e outras mídias” cresceu substanciais 30,1% ano a ano, com destaque para a demanda progressiva por mídias físicas, como vinil. Os números da inflação, na verdade, apenas confirmam uma tendência de alta vigente desde 2016, quando os discos ficaram 30% mais caros. Para 2024, é esperado que US$ 1 bilhão seja gerado em vendas de LPs. Apesar de procedente, a motivação da classe independente não aprofunda-se em como se dá a relação trivial entre a indústria e os lançamentos dos grandes artistas desde a ascensão do streaming. Quando um álbum é divulgado, imediatamente está disponível nas principais plataformas. Em abril, Taylor Swift vendeu 1,4 milhão de cópias de “The Tortured Poets Department” no mesmo dia em que as novas músicas estavam rodando gratuitamente no Spotify, Apple Music, Deezer... Diferentemente de outros mercados como o de jogos, o fonográfico ainda não absorveu a cartilha que fala sobre a abordagem de janelas. Ou seja, a antecipação de títulos para o fandom. Em artigo escrito para a Billboard, Will Page, ex-economista-chefe do Spotify, e Fred Goldring, advogado de entretenimento e cofundador da Pressing Business, provocaram o debate sobre como o vinil pode aproveitar a influência dos superfãs. Seguindo um caminho contrário, a música apegou-se ao sucesso do streaming baseado em uma história de comoditização: "vender cada vez mais por cada vez menos." Dado trazido pelos especialistas diz que para um streamer fornecer a uma gravadora a mesma quantidade de valor de um álbum que um comprador de vinil, o usuário precisaria apertar o play mais de 5.000 vezes. Por 18 anos seguidos, os discos estão transformando a resistência ao status quo do streaming em um movimento revelador de hábitos que condenam o consumo passivo da música. Mais da metade dos compradores de vinil sequer tem toca-discos em casa. E o que isso significa? "Eles não estão comprando a música, mas mercadorias que lhes dão um senso de identidade e conexão com o artista", escreveram Page e Goldring. Neste momento de inflexão de toda a cadeia, a cobrança dura feita por Page e Goldring é pertinente e provocadora: é preciso vender e entregar o vinil como uma oportunidade de acesso antecipado, e não como uma reflexão tardia. Confira este conteúdo e os gráficos que explicam o contexto do consumo dos discos em meio à busca por alternativas ao streaming.

Odegaard, Saliba e Ramsdale pousaram ao lado de KSI para divulgar a edição exclusiva do PRIME com o Arsenal F.C. Lançada em 11 de abril, a bebida de hidratação pode ser encontrada em marketplaces por preços que variam entre US$ 19,99 a US$ 32,99 a unidade. A exclusividade do sabor Goalberry que remete às raízes do clube e entrega um produto customizado é o agregador de valor ao drink esportivo. Semanas antes, garrafas de 500 ml das versões tradicionais Blue Raspberry e Strawberry Watermelon eram vendidas a £ 0,31 em uma loja da Tesco. Em junho do ano passado, o isotônico custava £2,50 (US$ 3,14) no mesmo local. A Tesco foi a última entre as quatro grandes varejistas britânicas a estocar a bebida hypada criada pelos youtubers Logan Paul e KSI em janeiro de 2022. Se na época existia um receio dos revendedores quanto à capacidade de distribuição, hoje o que preocupa é o excesso de estoque. E as promoções que reduziram o preço a quase 88% são a resposta imediata para eliminar o problema. Nas últimas semanas, publicações locais do Reino Unido como a The Grocer, especializada na cobertura da indústria de comida e bebida, investigaram por que o produto encalhou nos armazenamentos. E foi descoberto que a marca de alimentos e bebidas que mais cresceu em 2023 no país, somando £ 148 milhões em vendas, registrou uma queda geral de mais de 50%, segundo dados da NIQ. Durante os três primeiros meses deste ano, os volumes da PRIME diminuíram 33,5%, enquanto a comercialização da Prime Hydration foi reduzida a £ 15,2 milhões. No primeiro trimestre de 2023, havia sido contabilizado £ 26,8 milhões em vendas. O produto de luxo para crianças e adolescentes que invadiu os esportes, patrocinando clubes de futebol, atletas de várias modalidades e empresas do porte da WWE, atingiu uma receita de US$ 1,2 bilhão em 2023, conforme o próprio Logan revelou ao Varney & Co da Fox Business. Agora, o case específico inglês coloca o império de bebidas de US$ 10 bilhões sob dúvida em relação ao sucesso no longo prazo e a manutenção do apelo nos mercados globais. O salto de US$ 250 milhões para mais de um US$ 1 bilhão em vendas nos dois primeiros anos reafirma a capacidade de criadores capturarem a atenção na economia digital, mas impõe o desafio da retenção no decorrer do tempo. É sob este olhar que Anthony McGuire analisa o caso, resgatando o passado da dupla e seu poder de resistir a ciclos econômicos. Os altos e baixos impactaram no engajamento da base de fãs, e incentivaram a diversidade de negócios desenvolvidos pelos criadores ao longo da jornada. Logan Paul e KSI funcionam como o braço de mídia de varejo da PRIME, e de todos os produtos que serão alçados futuramente pelos criadores. Dentro da cadeia, a perenidade, então, passa a ser um fator controlável desde que você ainda domine a atenção em uma economia cada vez mais fragmentada. Clique para ler na íntegra.

A despeito de sequer ter um nome, a joint-venture formada por Fox, Warner Bros. Discovery e Disney planeja uma ida à Madison Avenue na próxima semana. E não é apenas para causar uma boa impressão. É durante o "upfront" que as empresas de mídia dos EUA tentam vender a maior parte de seu inventário comercial para o próximo ciclo de programação. Isso significa que a aliança pelo novo streaming esportivo, mesmo que tenha sido até agora uma chamada sexy para Wall Street, enxerga a publicidade como motor para o negócio. Ao revelar a informação com exclusividade na semana passada, a Variety fez uma projeção: é provável que os esportes desempenhem um papel fundamental no evento deste ano. Não é só uma constatação. Considerando a cadeia de valor de vídeo, os gastos com entretenimento, provavelmente, continuarão a ser realocados para os esportes. Ao analisar o ecossistema dos EUA que inclui TV tradicional, streaming, formatos curtos selecionados (YouTube), bilheteria e entretenimento doméstico, Doug Shapiro mensurou como a programação esportiva está alavancando-se em termos de audiência, e provocando um efeito dominó desproporcional e crescente às taxas de publicidade. Os últimos quatro anos viram a audiência de esportes aumentar em quase 50%, e sua participação no número total praticamente dobrar de 10% para 20%, segundo dados da MoffettNathanson LLC Nas contas feitas pelo especialista em mídia, para cada US$ 1 de receita em 2023, US$ 0,77 foram remetidos às empresas de mídia pelos distribuidores. Desse montante, quase 2/3 tiveram como destino a programação: US$ 0,40 direcionados ao entretenimento e US$ 0,10 para direitos esportivos. A disparidade de quatro vezes, por ora, não permite cravar que a entramos na tão falada bolha esportiva. A nova realidade, porém, será uma questão de tempo. Aos dados pesquisados, Shapiro incorporou o valor dos CPMs trazidos pelo Sportico em 2023: o custo por mil visualizações por anúncios de esportes foi de US$ 75 contra US$ 42 para outros programas exibidos durante o horário nobre. Ou seja, a monetização da audiência esportiva "é muito melhor", alerta o especialista. Em fevereiro, a Bloomberg sugeriu que a mídia esportiva tem um problema de US$ 20 bilhões para o qual não há respostas. Esse é o número mencionado por Lucas Shaw referente à arrecadação anual das ligas em direitos. Na visão do colunista, os conglomerados usam o esporte para cobrar taxas mais altas dos provedores de TV paga e anunciantes. Para Shapiro, ainda não há sinais de que a consolidação da mídia reduzirá o número de licitantes de esportes ou que as big techs se retirarão dos esportes. A dinâmica dos lances, portanto, pode se intensificar, mas não diminuir. Apegando-se à velha história de seguir o dinheiro, o especialista nos lembra: o valor sempre flui para a escassez relativa. Então, em um ambiente de abundância de conteúdo de entretenimento, os eventos ao vivo, como os esportes, se tornarão relativamente o ativo mais raro e de alto valor.