SOS: A Inteligência Artificial roubou meu emprego

Saulo Ferro Maciel
4 min readJan 20, 2024

Tutorial de como um macaco imitador pode roubar seu emprego

Atualmente, de 2020 para 2023, as pessoas têm se sentido ameaçadas por uma tecnologia arcaica que foi repaginada e teve seu acesso massificado: a inteligência artificial. Sim, as IAs são antigas. Posso afirmar isso após revisar a história humana e constatar que a ideia de um “cérebro mecânico” está enraizada no coletivo de várias culturas e nas pesquisas de diversos cientistas.

Duvida de mim? Então, peço que pesquise os seres autômatos da Grécia antiga feitos por Heron de Alexandria e os estudos de Salomão e outros profetas em textos cristãos sobre a criação de golens. Verás que, de certo modo, máquinas eram usadas para replicar um humano artificial com alguma inteligência limitada para tarefas específicas, como os autômatos de Heron, que possuíam uma inteligência cinestésica muito similar à dos seres vivos, mas não conseguiam aprender coisas novas.

Das fontes que citei, os golens dos textos cristãos são mais semelhantes à tecnologia que temos hoje. Nesses textos, os golens eram “fabricados” por religiosos cristãos em seus estudos sobre os ensinamentos de sua divindade. Os golens eram criados para responder perguntas do mundo espiritual e ajudar a localizar itens abençoados pelos céus. Esse processo é descrito de forma similar a perguntar algo a assistentes de voz, com a diferença de que hoje não é necessário estudar runas mágicas em hebraico, basta comprar pela Amazon.

Como pode ser observado, a ideia não é nova e está presente em nossa história desde a antiguidade. No entanto, nunca foi utilizada como meio de produção, pois, segundo as mesmas fontes que citei, Heron de Alexandria não tinha ferramentas como as de hoje, não assinava e não deixava seus projetos em órgãos públicos para evitar roubos. Além disso, segundo alguns mitos, os golens retratados em textos cristãos eram uma blasfêmia humana, uma tentativa de ser maior que o criador. Por esses motivos, a ideia de um cérebro artificial/mecânico foi congelada e só retornou após a Segunda Guerra Mundial.

Agora, preciso oferecer a você, leitor, uma breve aula de história moderna. Os historiadores já debateram que até agora houve três Revoluções Industriais. A primeira foi marcada pelo retorno dos avanços da engenharia, permitindo a descoberta e o consumo de meios energéticos minerais como o carvão ou o vapor d’água. A segunda revolução ocorreu com o uso de motores a combustão de petróleo e eletricidade.

Contudo, a 2ª Revolução Industrial encerrou-se no fim da Segunda Guerra com adventos científicos inusitados e novos, que variam de bombas atômicas até as IAs. Gosto de me referir aos computadores de Turing, à internet e às IAs como “trigêmeas tech”. Essas irmãs foram utilizadas na Guerra Fria e, consequentemente, na 3ª Revolução Industrial, impulsionando avanços científicos em diversas áreas, principalmente armamentista. Desde a década de 90, essas tecnologias vêm sendo distribuídas para a população em geral. Esta é a história das trigêmeas tech.

Paralelamente, a irmã mais nova — a IA — só se popularizou recentemente. Primeiro, tivemos que estudar e compreender o que Alan Turing, pai do computador, não teve tempo de ensinar. Em seus artigos universitários, destinados a enigmas matemáticos, Turing criou um enigma chamado “jogo da imitação”. Esse jogo basicamente simula um cenário onde uma máquina que pode aprender e se comunicar como um humano tenta enganar uma pessoa, fazendo-se passar por um humano. Hoje, conseguimos criar máquinas que vencem esse jogo de Turing. Além disso, a humanidade criou novas fases para este jogo, como duas máquinas desafiando-se para determinar quem é humano e quem é um robô numa conversa de chat online.

Portanto, o que estamos vivenciando hoje com as inteligências artificiais é apenas o mesmo processo que a população mundial passou quando os computadores surgiram: o medo do desconhecido. Bill Gates, em 2004, explicou como via esse medo do desconhecido, afirmando: “Quando eu estava na escola, o computador era algo muito assustador. As pessoas falavam sobre desafiar aquela máquina do mal que estava sempre fazendo cálculos que não pareciam corretos. E ninguém pensava nisso como uma ferramenta poderosa”.

Para concluir, as inteligências artificiais são como imitadores de habilidades, assemelhando-se a macacos. Elas dependem de três elementos essenciais: alguém para imitar, o que deve ser imitado e um tutor para orientar suas ações. Portanto, não podemos culpá-las por ocupar espaços em empregos tradicionais ou por aparecerem em postagens de celebridades sobre o roubo de empregos; afinal, elas não possuem consciência orgânica, sendo apenas uma imitação do natural.

No entanto, o maior impacto inicial será sentido pelas empresas que optarem por substituir funcionários humanos por inteligências artificiais, visando redução de custos. Contudo, assim como no período entre a primeira e a segunda Revolução Industrial, novas profissões surgirão para reparar e manter essas inteligências artificiais. É importante lembrar que a mecanização das fábricas, no passado, enriqueceu a população global como um todo ao mesmo tempo que extinguiu profissões. Por exemplo, nas décadas de 40 e 50, havia os ‘acordadores de janelas’ que cobravam para acordar pessoas batendo nas janelas de prédios em Nova Iorque; hoje, todos têm um telefone móvel que pode substituir esse serviço. Portanto, esse ajuste é natural e inevitável.

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Written by Saulo Ferro Maciel

Adoro fazer roteiros, escrever poesias, crônicas e arrisco em escrever letras (às vezes boas) para músicas.

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